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Estava totalmente enfurecida. Sentia o sangue latejar pelas minhas veias, a minha cabeça estava descontrolada, a loucura tomou posse de mim. Bati todas as portas atrás de mim, e fui a casa de banho. Lá, lancei tudo o que encontrei pelo ar. Fui ao quarto da minha mãe, e rasguei as suas queridas revistas. Tinha que sentir aquela sensação. Aquele desejo incontrolável, de me vingar de alguma forma. E assim fiz. Depois, apenas um vazio preencheu o meu peito, tinha a extrema necessidade de fugir, de gritar, de explodir. Eu não aguentava mais isto. Sentia-me perdida, mais uma vez, sozinha, no mundo. As lágrimas preencheram o meu rosto, sem quererem cessar. Chega, repetia imensas vezes para comigo mesma. Que raio de mãe era a minha, que nem amizade tinha para mim. Eu não podia contar com ela para nada, e isso magoava, só de saber que era verdade. Eu precisava da amizade dela, e não a tinha. Nem a confiança, nem o companheirismo, nada. Quantas vezes eu lhe contava algo que era extremamente importante para mim, e ela desprezava, tirando-me todas as forças, fazendo com que eu recua-se. Quantas vezes eu chegava a casa, e queria desabafar, chorar, ou simplesmente, ter alguém que me ouvisse…mas ela nunca estava lá para isso, nunca reparava se eu estava triste, nem queria saber se eu me afasta-se de todos os meus amigos, e nem me incentivava a sair e aproveitar a vida, pelo contrário.
Por um lado eu compreendo, sei que ela tem muitas preocupações e muitas tristezas também certamente…mas, eu sou um ser humano, que precisa de se sentir amada. Escrevo estas palavras, com o coração totalmente em pedaços…sinto o mundo desabar, sinto que já nada vale a pena.
Apesar de todo o amor que lhe devoto (e que por vezes não demonstro da melhor maneira), sinto que vivemos em mundos separados por uma nostalgia extrema, sinto dois mundos desabrocharem sozinhos, sem alicerces. Dois mundos que separados não funcionaram da mesma forma, caso estivessem juntos, unidos. Mundos esses que se entreolham mas nada sentem. Que se amam mas não se entregam.
