TU

Era só mais uma aula de química. O ponteiro do relógio parecia querer brincar comigo, mal se movia. Batia a um ritmo constante com o meu pé direito, tentando de uma forma ridícula moderar o ponteiro do relógio de acordo com som que eu própria produzia. Estava realmente nervosa e nem sabia o porquê, mas queria sair daquela sala. Era escusado tentar concentrar-me nas equações químicas que a stora ia escrevendo no quadro, o meu pensamento estava bem longe. Faltavam três minutos, três. Começei surrateiramente a arrumar as minhas coisas para puder sair mal tocasse. 3,2,1..o som estridente da campanhia soou pelos corredores vazios. Num ápice, todos se encheram. Demorei mais tempo do que pretendia para sair da sala, parecia que todos decidiriram me bloquear a saída. Sentia alguma ansiedade...decidi ir pelo caminho mais curto para a saída, que estava como sempre cheio de gente. Chegada finalmente a saída, os meus olhos captaram algo que lhes chamou a atenção. Eras tu. Senti as minhas pernas falharem naquele momento. Que raio se estava a passar comigo? Sem saber como agir, fixei os meus olhos no chão, fazendo de conta que não te vi. Num gesto rápido deteste-me, aproximando-me de ti. Inalei o teu cheiro, enquanto observavas a minha reacção. Não sabia mesmo o que fazer ou dizer, era como se não conseguisse comandar o meu corpo. Os teus lábios encostaram-se ao meu rosto, fazendo-me desejar mais. Consegui finalmente gesticular um 'olá!'. Sorriste, o teu lindo sorriso, a imitir-me paz e segurança. Era engraçado como ao pé de ti tudo parecia estar bem. Tentando raciocinar, tomei consciência que estava como uma palerma a olhar para ti, e então despedi-me, com uma voz que me soou demasiado estranha, como se não fosse eu. Afastei-me de ti, fazendo um grande esforço por andar, pois tudo em mim queria permanecer ao teu lado. Tentei manter uma linha de raciocinio. Fui uma idiota, não disse coisa com coisa e agi de uma forma tão estranha. O que estaria ele a pensar? Enquanto estes pensamentos me davam voltas a cabeça, uma lágrima começou a aparecer no canto do olho. Apesar de te querer, eu não te podia ter, não não! Não quero estragar tudo.

És demasiado importante para eu te perder.